domingo, 14 de junho de 2009

Tuga Land




Só quem já viveu no estrangeiro, fora da zona onde vivem as comunidades portuguesas, consegue entender o entusiasmo que é visitar o bairro dos “tugas”.
Há sempre um misto de uma atmosfera decadente, um ambiente cristalizado no tempo, de alguém que já partiu de Portugal há muitos anos, mas preservou intacta a imagem que tinha de um país que já mudou tanto desde então, e algo de muito genuíno que nos prende àquele espaço. Tudo se torna familiar, até o toque "bimbo" que está presente em muito do que nos rodeia. São as nossas referências culturais que ali estão e um pedacinho de nós...até no pudim boca doce de morango, que não resisti comprar, e que me trouxe o cheiro da casa da minha avó paterna, em Entrecampos.

Pela primeira vez fomos a Bedford View, no sul da cidade, onde vive uma boa parte da comunidade portuguesa. Visitámos mercearias, peixarias e pastelarias onde literalmente enfardámos pastéis de nata, queijadas e travesseiros. Depois desta bomba calórica, continuámos nesta euforia difícil de descrever, que os bairros portugueses nos despertam.

No supermercado parecíamos crianças, que vão pela primeira vez com os pais a um hipermercado, e querem levar tudo o que está à vista nas prateleiras. Enchemos o carrinho das compras com garrafas de azeite galo, latas de feijão, azeitona preta “Maçarico”, atum “Bom Petisco”, bacalhau, chouriço, presunto, morcela e tudo o que consigam imaginar. Estivemos quase, mesmo quase, a comprar um assador de chouriço em barro mas lá nos conseguimos controlar a tempo. Até que o João, que já não vai a Portugal há mais de 7 meses, perdeu o controlo da situação e comprou várias dúzias de pastéis de bacalhau, rissóis de camarão e croquetes.
À noite fizemos uma panela de feijoada com farinheira, chouriço, toucinho, morcela e tudo aquilo que faz mal à saúde, mas que adoramos na cozinha portuguesa. A feijoada durou vários dias e a Mary e o jardineiro Alex deliciaram-se com a iguaria portuguesa.

Já tínhamos ido a um famoso festival português, chamado “Lusito Land”, que se realiza todos os anos em Joanesburgo. A música dos Santa Maria, era interrompida pela voz de um ridículo Elvis com enormes patilhas e uma popa, que cantava “Love me tender” num palco, para uma audiência de miúdos sentados na relva.Foi uma desilusão mas deu para comer uma bifana de porco no pão que “soube a pato”!

Este ataque eufórico de consumismo e gulodice, fez-me lembrar as vezes em que apanhávamos o comboio de Manhattan para New Jersey e entrávamos no supermercado “Seabra's”. Com mochilas e sacos de compras a abarrotar, lá nos arrastávamos para a estação de comboios até ao nosso micro-apartamento no centro de Manhattan.

Como não podia deixar de ser, em Joanesburgo os portugueses são conhecidos pelo famoso “Portuguese roll”, o tradicional papo seco ou carcaça, que se encontra a venda nos melhores supermercados do país (Os portugueses continuam a ser os padeiros mais famosos do mundo). E ainda pelo frango assado com piri-piri e o prego no pão, que consta em quase todas as ementas de qualquer restaurante de Joanesburgo que se preze. Por tudo isto, só nos resta dizer: E viva à "Tuga Land"!

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